O BIM (Building Information Modeling) já deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma base fundamental na construção civil e no desenvolvimento de projetos arquitetônicos, estruturais e de infraestrutura. Mas, apesar da popularização do termo, ainda existe uma grande dúvida entre profissionais: o que significam os níveis do BIM?

Afinal, o BIM não é apenas o uso de um software 3D — ele é um processo evolutivo estruturado em camadas de maturidade.

Neste artigo, você vai entender todos os níveis do BIM, como funcionam, qual é a diferença entre eles e o que cada etapa exige em termos de tecnologia, colaboração e gestão da informação.

O que é BIM, afinal?

Antes de entrar nos níveis, é importante reforçar que o BIM é uma metodologia baseada na criação, uso e integração de modelos digitais inteligentes das construções.

Esse modelo contém dados que vão muito além da forma: nele ficam registradas informações de materiais, custos, cronogramas, simulações, desempenho e toda a vida útil da edificação.

O BIM não se limita ao 3D — ele engloba processos de colaboração, gestão de dados e interoperabilidade entre diferentes disciplinas.

Por isso, seu desenvolvimento é dividido em “níveis de maturidade”, que mostram o quanto uma empresa ou projeto está avançado no uso da metodologia.

O que são os níveis de BIM?

Os níveis do BIM representam graus de evolução tecnológica e colaborativa.

Cada nível indica:

  • Como os dados são criados,
  • Como são compartilhados,
  • Qual o nível de colaboração entre equipes,
  • E quais ferramentas e processos precisam ser adotados.

Ao todo, são tradicionalmente reconhecidos cinco níveis de maturidade:

  • Nível 0
  • Nível 1
  • Nível 2
  • Nível 3
  • Nível 4 (e além) – embora nem sempre descrito formalmente, representa o BIM integrado ao ciclo de vida da construção.

Vamos analisar cada um deles.

Nível 0: Produção de desenhos em CAD 2D

O Nível 0 não é considerado BIM na prática — é o ponto de partida histórico da digitalização da construção civil.

 Características:

  • Utilização predominante de CAD 2D.
  • Informações desenhadas de forma isolada.
  • A base do projeto é o desenho técnico digital tradicional.
  • Quase nenhuma integração entre disciplinas.
  • Arquivos distribuídos normalmente em DWG, PDF ou impressos.

 Principais limitações:

  • Retrabalhos frequentes devido à falta de integração.
  • Alto risco de erros de compatibilização.
  • Informações duplicadas e divergentes entre áreas (arquitetura, estrutura, instalações).

O Nível 0 é, portanto, o cenário mais básico, onde cada disciplina trabalha “em silos”, sem interoperabilidade.

Nível 1: Modelos 2D e 3D com gestão parcial de informações

O Nível 1 marca a transição do CAD tradicional para o uso de modelos tridimensionais, mas ainda sem integração total.

 Características:

  • Combinação de CAD 2D com modelos 3D.
  • Bibliotecas de padrões começam a ser adotadas.
  • Estabelecimento dos primeiros CDEs (Ambientes Comuns de Dados), ainda simples.
  • Uso de softwares que geram modelos 3D paramétricos, mas de forma isolada.

 Avanços em relação ao nível 0:

  • Melhora na visualização dos projetos.
  • Redução parcial de conflitos.
  • Documentação mais organizada.

 Limitações:

  • Cada disciplina ainda gera seu próprio modelo.
  • A colaboração entre áreas é mínima.
  • Os modelos não se comunicam automaticamente.

O Nível 1 já traz o 3D, mas não entrega ainda o “BIM colaborativo”.

Nível 2: BIM colaborativo entre disciplinas

O Nível 2 é um marco importante — e o primeiro nível que realmente representa o BIM aplicado de forma consistente.

Aqui, as disciplinas começam a trabalhar com modelos separados, mas interoperáveis, geralmente através de formatos abertos como IFC.

 Características:

  • Modelos 3D inteligentes e paramétricos.
  • Cada disciplina cria seu próprio modelo BIM.
  • Compatibilização por meio de softwares de coordenação (Navisworks, Solibri, etc.).
  • Uso de CDE estruturado para troca de informações.
  • Documentação extraída diretamente dos modelos.

 Principais benefícios:

  • Redução significativa de erros de compatibilização.
  • Detecção de interferências (clash detection).
  • Melhor comunicação entre equipes.
  • Maior precisão de quantidades e custos.

Exemplo prático:

Arquitetura, estrutura e instalações desenvolvem seus modelos separadamente, mas todos são combinados em um ambiente comum para análise de conflitos e validação.

Esse é hoje o nível mais adotado em empresas que já trabalham com BIM.

Nível 3: BIM integrado – um único modelo central

O Nível 3 representa o BIM em sua forma plena, com colaboração total e fluxo de dados contínuo ao longo de todo o ciclo de vida do projeto.

Características principais:

  • Existência de um modelo único compartilhado (Single Shared Model).
  • Colaboração simultânea entre todas as disciplinas.
  • Processos totalmente integrados e interoperáveis.
  • Uso de plataformas em nuvem com controle de versões e histórico.
  • Possibilidade de incorporar dimensões adicionais, como:
  • 4D (tempo)
  • 5D (custos)
  • 6D (sustentabilidade)
  • 7D (operações e manutenção)

O grande diferencial:

O Nível 3 elimina os silos:

As equipes trabalham dentro do mesmo modelo, atualizando informações em tempo real.

 Benefícios para o projeto:

  • Redução quase total de retrabalhos.
  • Planejamento de obra extremamente preciso.
  • Custos atualizados automaticamente.
  • Monitoramento do ciclo de vida da edificação.
  • Visão completa, estratégica e integrada do empreendimento.

Este é o nível que muitas nações, como Reino Unido e países nórdicos, têm como meta de adoção nacional.

Nível 4 e além: BIM orientado ao ciclo de vida completo

Embora nem sempre formalizado, o Nível 4 é frequentemente tratado como o estágio mais avançado do BIM, no qual o modelo não serve apenas para projetar e construir, mas também para operar, monitorar, manter e até descomissionar uma edificação.

 Características:

  • Integração total com sistemas de Facility Management.
  • Aplicação de sensores IoT e digital twins (gêmeos digitais).
  • Monitoramento em tempo real do desempenho da edificação.
  • Gestão inteligente de energia, ativos e manutenção.
  • Utilização do BIM para toda a vida útil da obra, e não apenas no projeto.

 Aqui entram tecnologias como:

  • IA para análise preditiva de manutenção.
  • Realidade aumentada e virtual para inspeções.
  • Big Data para análise de desempenho.
  • Digital Twin para simulações dinâmicas.

O Nível 4 representa o futuro do setor, com obras totalmente conectadas e autogerenciadas.

Leia também: Design Generativo no Revit: Revolucionando a Arquitetura com Inteligência Artificial

Por que entender os níveis do BIM é essencial?

Compreender esses níveis ajuda empresas e profissionais a:

  • Planejar a transição para o BIM de forma realista e progressiva,
  • Definir investimentos em tecnologia,
  • Identificar pontos de maturidade dentro da organização,
  • Padronizar equipes e processos,
  • E garantir competitividade no mercado.

A adoção BIM é um caminho gradual — e saber onde se está e onde se quer chegar faz toda a diferença.

O futuro da construção passa pelos níveis do BIM

O BIM evoluiu de simples modelos digitais para uma plataforma completa de gestão de informações, capaz de integrar todas as fases de um empreendimento.

Seja no Nível 2, que hoje é o mais comum no mercado, ou caminhando para o Nível 3 e 4, é certo que:

  • Quem domina o BIM aumenta eficiência, reduz custos e melhora a qualidade dos projetos.
  • As empresas que avançarem mais rápido terão vantagens competitivas claras nos próximos anos.

Entender os níveis de maturidade é o primeiro passo para transformar processos e alcançar uma construção mais inteligente, integrada e sustentável.

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